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A CHEGADA DO METODISMO 

EM TERRAS BRASILEIRAS

Newman insistiu, através de suas cartas, para que os metodistas norte-americanos abrissem uma missão em nosso país. Em 1876, a Junta de Missões da Igreja Metodista Episcopal Sul, despertada através da publicação das cartas nos jornais metodistas nos EUA, enviou seu primeiro obreiro oficial: John James Ranson. Dedicou-se ao aprendizado do português para proclamar a boa-nova aos brasileiros. A partir de 1879 seria o Superintendente. J.E. Newman e sua família mudaram-se para Piracicaba, SP, onde permaneceram por, aproximadamente, um ano, entre 1879-1880, quando as filhas de Newman, Annie e Mary, organizaram um internato e externato. O "Colégio Newman" é considerado precursor do Colégio Piracicabano, hoje Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).

 

Os dez primeiros anos de trabalho com os brasileiros

 

O período de 1876 a 1886 é geralmente denominado de "Missão Ransom", visto que ele organizou toda a estrutura. Ele não teve pressa para estabelecer o campo de trabalho: Piracicaba ele descartou; fez um reconhecimento do Rio Grande do Sul, mas escolheu o Rio de Janeiro como centro estratégico para propagar o metodismo. J.J. Ransom iniciou sua pregação mais tarde, a fim de dominar o português. Em janeiro de 1878 iniciou sua pregação em inglês e português, no Rio de Janeiro. Os primeiros brasileiros foram recebidos à comunhão da Igreja em março de 1879, sem serem rebatizados. No mês de julho seguinte, quatro pessoas da família Pacheco foram

recebidas.

 

Ransom casou-se com Annie Newman, no Natal de 1879, mas ela faleceu em meados do ano seguinte. Ele foi aos Estados Unidos em busca de mais pessoas dispostas a contribuir na tarefa missionária no Brasil. Voltou, dois anos depois, com James L. Kennedy, Marta Watts e o casal Koger. Todos contribuíram na expansão geográfica da Missão e também para a educação.

 

A educadora Marta Watts veio como missionária com a tarefa de educar crianças e moças brasileiras. O Colégio Piracicabano, primeiro educandário metodista no Brasil, foi fundado em 13 de setembro de 1881, com a matrícula de apenas uma aluna, Maria Escobar. Fatores como a capacidade e dedicação da diretora e o novo método do Colégio chamaram novas alunas, a partir do ano seguinte. O educandário foi a semente para a Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), criada em 1975.

 

Os primórdios da obra missionária

 

O Frances S. Koger, ou simplesmente Fannie, fundou uma escola para crianças pobres em Piracicaba, demonstrando assim, o interesse pela educação de crianças pobres, um fato que não é tão conhecido. Além dos missionários fundadores das principais igrejas - Rio, Ransom, 1879; Piracicaba, Koger, 1881; São Paulo, Koger, 1884 e Juiz de Fora, Kennedy, 1884 - destacam-se, por exemplo, três obreiros leigos que precederam Kennedy, na preparação do trabalho em Juiz de Fora, MG e outros primeiros obreiros leigos. Bernardo de Miranda, Ludgero de Miranda, Felipe Relave de Carvalho e Justiniano de Carvalho receberam nomeação episcopal em 1886. Na Conferência Anual de 1887, com exceção de Ludgero, todos foram admitidos à Conferência, em experiência. Mas na Conferência Anual de 1890, o bispo J.C. Granbery admitiu os quatro obreiros, ordenando-os diáconos. Algum tempo depois, leigas foram chamadas de "Mulheres da Bíblia", ocupando-se com visitações e leitura da Bíblia com outras mulheres. Em 1° de janeiro de 1886 foi publicada a primeira edição do Metodista Católico, atual Expositor Cristão.

 

Conferência Anual

 

Em setembro de 1886 foi realizada a Conferência Anual (que hoje eqüivale a um Concílio), na capela da Igreja Metodista no Catete, em 16 de setembro de 1886, abrangendo duas coisas diferentes: área geográfica e assembléia metodista anual. O território metodista no Brasil possuía quatro centros principais: Catete (Rio de Janeiro), com duas congregações: estrangeira(com pregação em inglês) e brasileira, totalizando 63 membros. Um novo templo foi inaugurado em 5 de setembro de 1886, às vésperas da Conferência Anual. São Paulo tinha apenas 13 membros arrolados, mas sem propriedades. Juiz de Fora e Piracicaba possuíam templos modestos, com 31 e 70 membros, espectivamente. Nos quatro centros principais e em outros menores contavam-se 214 membros arrolados e seis pregadores locais.

 

A Conferência Anual formulava a estratégia da região; os itinerantes (pregadores), que eram avaliados com relação ao seu trabalho e seu caráter e recebiam nomeação do Bispo. Um motivo primordial tornava essencial a organização de uma Conferência Anual: reconhecer, com urgência, o metodismo brasileiro como pessoa jurídica, uma ênfase da 2ª Conferência Anual Missionária, em julho de 1886. O governo imperial não reconheceu a Junta de Missões como pessoa jurídica. Somente na República que a Conferência Anual foi reconhecida como pessoa jurídica, para o desapontamento da liderança da Igreja, naquela época.

 

A necessidade de organizar uma Conferência foi reconhecida pela Conferência Geral da Igreja Metodista Episcopal Sul, que deu autorização para o primeiro Bispo visitar a Missão, para constituir a Conferência. Em virtude dos poucos membros com que a Conferência contaria, o bispo Granbery quase desistiu de realizá-la, devido ao fato que os obreiros nacionais ainda não eram itinerantes; Newman foi rebaixado para pregador local na Conferência dos EUA; Koger havia morrido, em janeiro de 1886 e Ransom foi "devolvido" em agosto daquele ano.

 

Apenas o chamado "Trio de Ouro" participou do evento: Kennedy (evangelista, construtor de igrejas e o historiador do metodismo brasileiro, com o livro Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil); Tarboux (pregador e pastor das principais Igrejas Metodistas e primeiro bispo da Igreja Metodista do Brasil, eleito em 1930 e Tucker (agente da Sociedade Bíblica Americana e fundador do Instituto Central do Povo). O Bispo convocou os três membros para a organização da Conferência Anual, muito simples e breve, mas um dos momentos decisivos do metodismo brasileiro.

 

Texto elaborado por Flávia Fornazari Toledo, fonte: "Momentos decisivos do Metodismo", Duncan A. Reily

 

Metodismo no Brasil

 

Consolidação e Autonomia da Igreja Metodista no Brasil Em 1930, Brasil e México tornaram-se as primeiras igrejas metodistas autônomas. Os metodistas foram os primeiros a iniciar o trabalho missionário no Brasil (1836 - Justin Spaulding e o Rev. Daniei P. Kidder e famílias), mas tiveram de abandonar a missão em 1841, devido a vários fatores:

 

• Falecimento da esposa do Rev. Kidder, que ficou sozinho com duas crianças.

• Problemas pessoais dos missionários.

• Dificuldade muito grande de aceitação da mensagem do Evangelho pelos brasileiros.

• Dificuldade financeira dos Estados Unidos em manter o trabalho missionário.

 

Neste tempo, o Brasil passa a produzir menos cana-de-açúcar e tabaco (fumo) e começa a produzir muito café. A mão-de-obra escrava já não era tão importante e havia necessidade de mão-de-obra mais especializada. A Inglaterra pressionava para que se acabasse com a escravidão. Em 1850, saiu uma lei no Brasil que proibia a importação de mão-de-obra escrava. Uma forma de resolver esse problema era abrir o país para que os colonos de outros países viessem para cá. Assim, chegaram aqui muitos italianos que trabalharam em fazendas de café.

 

A guerra americana

 

Em 1861, começou nos Estados Unidos uma guerra que dividiu o país em nortistas e sulistas (muitos filmes de bangue-bangue falam da guerra entre os ianques e os confederados). Esta guerra aconteceu por causa da escravidão e acabou somente em 1865. Depois que a guerra acabou, muitos americanos vieram morar no Brasil, num lugar perto de Piracicaba, São Paulo. Lá eles fundaram uma cidade chamada Americana.

 

A chegada dos americanos no Brasil

 

O Imperador D.Pedro II foi um grande incentivador da vinda de americanos para o Brasil, vendendo-lhes terra a preços baixos, financiando as passagens, a compra de ferramentas e de sementes, entre outras facilidades, para quem não tinha dinheiro. O Brasil também criou uma companhia de navegação com navios a vapor que ligavam o Rio de Janeiro a Nova York. Na primeira viagem destes navios, vieram muitos americanos para o Brasil, que se instalaram em várias regiões, mas a que mais prosperou foi a de São Paulo.

 

Em 1867, chegou no Brasil um grupo de americanos onde veio o Rev. Justus E. Newman, que trabalhou como pastor entre os americanos. Em 1875, o Rev. Newman recebeu uma carta dos Estados Unidos que muito lhe alegrou o coração. A Igreja do Sul dos EUA resolveu mandar para o Brasil, a pedido do Rev. Newman, o missionário Rev. John James Ransom, que foi uma das figuras mais importantes da nossa Igreja Metodista.

 

O crescimento da Igreja no Brasil

 

No Sul e Sudeste

A Igreja Metodista foi crescendo no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

 

No Norte e Nordeste

No Norte do Brasil, o Rev. Justus Henry Nelson trabalhou por muitos anos fundando igrejas no Amazonas e no Pará. No nosso hinário evangélico, temos muitos hinos do Rev. Justus H. Nelson (veja os hinos 82, 121, 130, 265, 286, 295, 388, 453, 457). Também o Rev. Willian Taylor trabalhou no Nordeste, fundando igrejas no Pará, Maranhão e Bahia. Uma coisa muito triste foi a falta de apoio das juntas de missões para o trabalho metodista no Norte e Nordeste do Brasil. Os missionários do Sul e Sudeste do Brasil também não se interessavam pelo trabalho missionário por causa da distância desta região de São Paulo e Rio de Janeiro. O Rev. Justus H. Nelson morreu em Belém do Pará, onde está sepultado. Foi o que sobrara da presença do metodismo nesta região do Brasil. O Metodismo cresceu bastante no Sudeste do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), que até hoje são as maiores regiões da Igreja Metodista no Brasil. Durante o período em que esteve no Brasil, o Rev. John James Ransom fundou um jornal chamado "O Metodista Católico" (1886) que no ano seguinte mudou de nome, passando a se chamar "Expositor Cristão". Este nome existe até hoje, é o nosso jornal Metodista.

 

A autonomia da Igreja

 

Como a Igreja cresceu, era necessário que se tornasse independente dos Estados Unidos. Após muita discussão, a Igreja Metodista tornou-se independente em 02 de setembro de 1930, em São Paulo. Elegeram o primeiro bispo da Igreja. Ele se chamava Willian Tarboux e era americano. O primeiro bispo metodista brasileiro chamava-se César Dacorso Filho e foi eleito em 1938.

 

Para que uma Igreja fosse autônoma ela deveria possuir 3 requisitos:

 

a. Auto-sustento (condições financeiras).

b. Ministério próprio (pastores brasileiros).

c. Auto-propagação (condições de crescer sozinha).

 

As Regiões Eclesiásticas

 

Com o crescimento da Igreja em alguns territórios do Brasil, as igrejas foram se organizando em Regiões Eclesiásticas. Cada um de nós é membro de uma Região da Igreja. No começo existiam apenas as regiões do Centro, Norte e Sul do Brasil. Mais tarde a Igreja ficou assim organizada:

 

• Primeira Região - Rio de Janeiro (Grande Rio, Sul e Baixada Fluminense)

• Segunda Região - Rio Grande do Sul

• Terceira Região - São Paulo capital (e Região Leste do Estado)

• Quarta Região - Minas Gerais e Espírito Santo

• Quinta Região - Interior de São Paulo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro, Sul e Brasília

• Sexta Região - Paraná e Santa Catarina

• Sétima Região - Rio de Janeiro (Região Serrana, Região dos Lagos, Região Oceânica,  Norte e Noroeste Fluminense)

• Região Missionária do Nordeste - Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte

• Campos Missionários do Amazonas - Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima

 

 

fonte: Revista Cruz de Malta

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